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*Mariana Uyeda Ogawa

O dia 18 de junho de 1908 é considerado a data oficial da imigração japonesa no Brasil. Nesse dia a primeira leva de 781 imigrantes japoneses desembarcou do navio “Kasato Maru” no porto de Santos. Aqui aportaram com a esperança de trabalhar na lavoura dos “frutos de ouro” - como eram chamados os cafezais, devido à alta rentabilidade do café. O imigrante japonês veio com o propósito de trabalhar, enriquecer e retornar ao Japão num curto período de tempo. Contudo, a realidade nas fazendas de café mostrou que nem tudo seria acessível e próspero como anunciavam as agências de recrutamento de emprego no Japão. Nem todos puderam concretizar os seus sonhos e muitos acabaram por permanecer no Brasil.

Desde então aqui se formou a comunidade “nikkei”- pessoas de origem japonesa e seus descendentes que vivem fora do Japão – composta de japoneses nativos (“isseis”), seus filhos (“nisseis”), seus netos (“sanseis”), seus bisnetos (“yonseis”) e seus tataranetos (“gosseis”).

A partir da segunda metade dos anos 80, em decorrência da crise econômica e política brasileira surgiu um movimento inverso: brasileiros descendentes de japoneses foram trabalhar no Japão - os decasséguis ou “decasséguis” - termo formado pela união dos verbetes japoneses “deru” (que significa sair), e “kasegu” (que expressa ganhar dinheiro trabalhando). Eles foram trabalhar no Japão atraídos pelos bons salários e com a previsão de retornar ao Brasil. A economia japonesa se encontrava em um momento próspero, acentuava-se o envelhecimento e declínio populacional japonês e, principalmente, porque muitos japoneses não queriam mais trabalhar nas fábricas eletrônicas e automotivas, cujos ambientes eram conhecidos como 3K (“Kitsui, Kitanai, Kikken” – árduo, sujo e perigoso).

No período entre 1990 e 2000 estima-se que o número de decasséguis no Japão passou a marca de 320 mil. Mas, a partir de 2008, o Japão enfrentou forte crise econômica e os números de contratações diminuíram. Outro fator negativo foi o terremoto e o tsunami que ocorreram no Japão em março de 2011, fazendo com que muitos retornassem para o Brasil. Somente em 2015 o panorama voltou a se mostrar favorável aos decasséguis com a melhora da economia japonesa e a proximidade da realização das Olimpíadas no Japão em 2020. Com o desemprego no Brasil, a falta de segurança e melhores condições de vida o número de decasséguis no Japão vem crescendo nos últimos tempos. Calcula-se que em 2017 a população brasileira residente no Japão gira em torno de 185.000, sem contar os que têm dupla nacionalidade.

No Brasil estima-se que o número de cidadãos brasileiros com ascendência japonesa é de mais de 1,5 milhão de nipo-brasileiros, especialmente nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Pará. Na cidade de São Paulo há cerca de 400 mil e o bairro da Liberdade concentra o maior reduto da colônia japonesa fora do Japão, caracterizado pela arquitetura predominantemente oriental e das fachadas das lojas e restaurantes com ideogramas japoneses (“kanjis”).

No dia 20 de junho de 2008 o Tribunal de Contas do Município de São Paulo/TCMSP prestou homenagem ao centenário da imigração japonesa no Brasil, com a inauguração de um “Torii” – portal japonês, que dá acesso ao jardim das cerejeiras, local onde foram plantadas 100 mudas de cerejeiras. Desde então, a cada ano, o jardim das cerejeiras tem embelezado o Tribunal e, segundo alguns, quem teve a oportunidade de ver uma florescência de cerejeiras diz ter dito uma antevisão do paraíso, tamanho a beleza, a delicadeza.

Nesse ano, o TCMSP está comemorando o seu Jubileu de Ouro. E, mais uma vez, o TCMSP numa feliz iniciativa do seu presidente, conselheiro João Antonio e dos demais conselheiros Domingos Dissei, Roberto Braguim, Edson Simões e Maurício Farias, celebrará os 110 anos da imigração japonesa com uma cerimônia onde serão plantadas mais 10 mudas de cerejeiras, as quais integrarão as 100 já existentes no seu jardim das cerejeiras.

 

artigo japonesa

 Jardim das cerejeiras TCMSP

 

artigo japonesa 2

Torii – jardim das cerejeiras/TCMSP

 

Referências

Estatísticas sobre a comunidade brasileira no Japão: quadro geral. Disponível em:<http://cgtoquio.itamaraty.gov.br/pt-br/estatisticas_e_bibliografia.xml> Acesso em: 12 jun 2018.
Brasil tem 1,5 milhão de cidadão de origem japonesa. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/editoria/turismo/2017/06/brasil-tem-1-5-milhao-de-cidadaos-de-origem-japonesa> Acesso em: 13 jun 2018.

 

*Mariana Uyeda Ogawa - Graduada em Direito (USP). Mestre em Direito das Relações Sociais (PUC/SP). Especialista em Direito Contratual (PUC/SP) e em Gestão Pública (University of La Verne, CA). Professora da Escola de Contas do TCMSP.


Os artigos aqui publicados não refletem a opinião da Escola de Contas do TCMSP e são de inteira responsabilidade dos seus autores.